Irrigação no deserto. A transformação de regiões desérticas em áreas produtivas sempre despertou curiosidade. Círculos verdes perfeitos, visíveis do alto no deserto da Arábia Saudita, são a prova de como a tecnologia e a inovação podem superar desafios ambientais extremos. Vamos entender como essa técnica funciona e por que ela não é amplamente replicada em outras regiões secas do mundo, inclusive no Brasil.
O que é a irrigação por pivô central?
A irrigação por pivô central é um sistema avançado que distribui água de forma eficiente em grandes áreas agrícolas. Esse sistema consiste em:
- Torres móveis conectadas por tubos de aço galvanizado ou alumínio;
- A água é distribuída a partir do centro e percorre o terreno em círculos;
- O movimento das torres lembra o ponteiro de um relógio, garantindo uma cobertura uniforme.
Essa técnica, desenvolvida nos anos 1950, tem sido essencial para a agricultura em regiões secas como a Arábia Saudita.
A origem da água utilizada
No deserto saudita, a irrigação depende de reservas subterrâneas de água fóssil. Essas reservas acumulam água há milhares de anos, durante períodos de maior umidade. Embora eficaz, esse recurso não é renovável e tem prazo limitado para utilização.

Como a Arábia Saudita se tornou uma potência agrícola
Na década de 1970, o governo saudita decidiu buscar autossuficiência alimentar. Investimentos massivos em infraestrutura de irrigação possibilitaram a transformação de terras desérticas em fazendas produtivas. Entre as conquistas, destaca-se a produção de trigo:
- Durante os anos 1980 e 1990, o país produziu mais de 4 milhões de toneladas de trigo anualmente;
- Tornou-se um dos maiores produtores do grão, chegando a exportar o excedente.
Embora impressionante, essa expansão trouxe preocupações sobre a sustentabilidade dos recursos hídricos.
Desafios e limitações
- Dependência de água não renovável: as reservas subterrâneas podem se esgotar em cerca de 50 anos, considerando as taxas atuais de extração;
- Mudanças climáticas: a previsão de aumento de até 4ºC nas temperaturas até 2050 elevará a demanda por água.
Exemplos de irrigação eficiente pelo mundo
Israel: inovação em terras áridas
Israel é outro exemplo de como a tecnologia pode transformar regiões secas em áreas produtivas. O país utiliza irrigção por gotejamento, desenvolvida em 1936, que libera pequenas quantidades de água diretamente nas raízes das plantas, reduzindo o desperdício. Outros destaques incluem:
- Reutilização de água: 87% das águas tratadas são usadas na agricultura;
- Tecnologias avançadas: estufas e agricultura vertical permitem maior produção com menos recursos.
Estados Unidos: liderança em irrigação
O estado de Nebraska lidera em áreas irrigadas nos Estados Unidos, com cerca de 3 milhões de hectares cultivados. O uso de pivô central ajudou a:
- Expandir a produção de milho e soja;
- Garantir a estabilidade do lençol freático em grande parte do estado.
Por que essa tecnologia não é amplamente replicada?
Embora eficiente, a irrigação por pivô central enfrenta desafios que limitam sua adoção em larga escala:
- Custo elevado: a implantação e manutenção demandam investimentos significativos;
- Recursos hídricos escassos: muitas regiões não dispõem de água suficiente para alimentar o sistema;
- Sustentabilidade: o uso de água fóssil não é viável a longo prazo.
O que podemos aprender com esses exemplos?
A irrigação por pivô central e outras tecnologias destacam a importância da gestão eficiente da água. Para o Brasil, as soluções israelenses de reutilização de água e irrigação por gotejamento podem ser mais adequadas, considerando as condições locais e os desafios ambientais.

FAQ
O que é irrigação por pivô central?
É uma técnica de irrigação que utiliza torres móveis e tubos horizontais para distribuir água em grandes áreas, formando círculos perfeitos.
Por que a Arábia Saudita usa água fóssil?
A água fóssil é a principal fonte hídrica do país, acumulada em reservas subterrâneas durante períodos mais úmidos.
O que torna Israel um exemplo em irrigação?
Israel destaca-se pelo uso eficiente de recursos hídricos, como a irrigação por gotejamento e a reutilização de águas residuais.
Por que o Brasil não adota amplamente essas técnicas?
Fatores como custo, disponibilidade de recursos e condições ambientais limitam a adoção em larga escala no Brasil.